John Stuar Mill e sua obra feminista

No livro Uma Noite para Seduzir uma Libertina, Caroline Eckley menciona dois livros que foram fundamentais para ela: A Vindication of the Rights of Women, de Mary Wollstonecraft e The Subjection of Women, de John Stuart Mill. Eu li essas duas obras durante meu doutorado e recomendo ambas para quem deseja entender sobre feminismo e a luta das mulheres por direitos. 

Em O Cavalheiro que Roubou meu Coração, Evelyn Bennett (nossa mocinha!) também usa The Subjection of Women como referência, e chega a conversar sobre Mill com Nicholas Eckley durante algumas ocasiões. 

Como não existia o feminismo como um movimento organizado (esse só surgiu mesmo depois da primeira metade do Século XX), as discussões sobre direitos das mulheres partiam de diversas frentes e ficavam muitas das vezes concentradas nas mãos da aristocracia ou das classes mais abastadas. Isso foi mudando com o tempo, mas era comum ver homens discursando sobre “direitos universais” já que nem para isso as mulheres tinham voz. 

A newsletter de hoje fala sobre um desses homens e vai contar um pouco sobre quem foi John Stuart Mill.

John Stuart Mill nasceu na Inglaterra em 20 de maio de 1806. Foi um filósofo liberal da vertente utilitarista e inspirou-se nas obras de Jeremy Bentham. Filho de James Mill (também filósofo), recebeu criação rigorosa, não podendo conviver com jovens de sua idade. O pai pretendia criar um gênio intelectual.

Ele trabalhou por muito tempo na Companhia Inglesa das Índias Orientais, atingindo o mesmo cargo de seu pai. Aos 25 anos conheceu e apaixonou-se por Harriet Taylor, que o inspirou em muitas de suas obras. Como ela era casada, ele viveu um amor platônico e esperou por ela por muito tempo. Harriet e Mill casaram-se 20 anos depois de terem se conhecido, quando o marido dela então faleceu.

O pensamento feminista de John Stuart Mill divergia inclusive de seu pai, que defendia a sujeição da mulher ao marido ou a outro homem da família, se ela fosse solteira. Para Mill, a igualdade das mulheres em relação aos homens não favorecia apenas a felicidade das mulheres, mas de toda a humanidade. A desigualdade entre os sexos era errada em si mesma, e um dos maiores obstáculos à evolução humana.

Mill também se inspirou nos socialistas franceses e ingleses, como William Thompson, e nos missionários da ordem Saint-Simonian. Suas convicções feministas também se mostram em sua associação com o periódico utilitarista Monthly Repository – que publicou artigos sobre voto feminino, divórcio e o injusto tratamento dado às mulheres, de forma genérica.

John Stuart Mill e sua esposa, Harriet Taylor

Ele foi amplamente influenciado por sua musa (e depois esposa) Harriet Taylor. A extensão dessa influência, no entanto, não é clara por ter se perdido na narrativa masculina da época. John Stuart Mill teve contato direto com muitas mulheres que rompiam com os estereótipos femininos e teve um longo relacionamento com uma mulher que sofreu com o tratamento desigual entre gêneros, principalmente quanto às leis do casamento e dificuldades quanto à educação.

Quando John Stuart Mill publicou The Subjection of Women, as mulheres não votavam e não eram consideradas indivíduos capazes em separado de seus maridos. Todas as suas propriedades e dinheiro passavam para o controle do marido, que detinha poder absoluto sobre ela. A justificativa comum para esse status inferior era que as mulheres eram puras e moralmente superiores aos homens, devendo ser protegidas da influência negativa da vida pública que podia distorcer a moral das futuras gerações. No livro, Mill argumentou que isso era um absurdo, já que em nenhuma situação da vida o melhor deve obedecer e se submeter ao pior.

Ele também combateu, no livro, que as mulheres fossem mais emocionais do que racionais e, portanto, não teriam as capacidades intelectuais dos homens. Mill atribuiu essas diferenças à forma de criação das mulheres e afirmou que, enquanto elas não fossem criadas da mesma forma dos homens, seria impossível descobrir exatamente quais as diferenças naturais de cada sexo (naquela época também não havia uma discussão suficiente sobre as diferenças entre gênero e sexo biológico.)

Referências desse post vão para:

  • OKIN, Susan Moller. Women in western political thought [versão digital]. New Jersey: Princeton University Press, 2013.
  • MILL, John Stuart. The Subjection of Women. Londres, 1869.

O livro The Subjection of Women pode ser baixado gratuitamente na Amazon Brasil, basta clicar aqui.

Sobre Tatiana Mareto

Autora de romances sensuais com finais felizes.
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