Por que devemos nos importar com estrutura?

Hoje a conversa no grupo de escritoras foi: vamos falar de estrutura. Adorei a ideia porque eu estou cansada de ler e ouvir que a estrutura não serve para nada se não engessar a criatividade das autoras. Só que eu já pensei assim antes. Já engrossei a turma que acreditava que estruturar uma história era enfiar a minha criatividade dentro de uma fórmula pré fabricada e transformar meu livro em uma receita padronizada.

E é claro que levei uma rasteira do conhecimento. Todas as minhas percepções sobre estrutura foram concebidas antes que eu sequer soubesse o que isso era. Quando passei a estudar sobre como estruturar um bom texto e um bom livro, descobri que eu provavelmente já fazia isso antes – apenas não usava esse nome.

Procurando material para esse post, descobri que a K M Weiland, uma das autoras que uso como referência de estudos, era como eu. Ela também não acreditava que a estrutura fosse uma boa coisa e a rejeitou por um tempo até entender que não era nada daquilo que imaginava.

Estrutura é requerida em toda arte. 

Não é apenas na literatura que verificamos a importância de estruturar as histórias. Assim como o estudo, o treino e o desenvolvimento de habilidades é necessário em toda arte. Existe o componente do talento, mas também há muito trabalho duro e dedicação por trás de uma boa obra de arte.

E livros são arte. Boas ideias colocadas em ordem e bem estruturadas produzem livros mais fluidos e que prenderão a atenção dos leitores por mais tempo.

A estrutura também não limita a criatividade nem representa a mera reprodução de uma fórmula. 

Esse era meu maior temor quando comecei a estudar estrutura: a de que fosse me tornar uma repetidora de padrões que produziriam livros comerciais, porém sem alma. Que minha criatividade seria consumida pela formulação e, com isso, eu perderia todo o meu potencial criativo. Só que eu estava muito, muito enganada.

Colocar ordem nas coisas não prejudica a criatividade, assim como não torna todas as histórias iguais apenas por seguirem uma “forma ideal”. Saber que eu preciso de um evento importante aos 25% da minha história não quer dizer que todas elas terão o mesmíssimo evento acontecendo. Nem que esse evento desencadeará o mesmíssimo desenvolvimento para a história.

Músicas são compostas pelas mesmas notas e acordes, e nem por isso são todas iguais. Danças são compostas pelos mesmos movimentos corporais (vejam o balé, como exemplo), e nem por isso todas as apresentações são iguais. Para tocar um instrumento, nós aprendemos cada nota, cada acorde, e os treinamos à exaustão. Para dançar balé, aprendemos os mesmos movimentos e com eles desenvolvemos algo novo.

A estrutura de uma história é um mínimo de ordem que auxilia na produção de bons livros. É o produto de estudos e de análises, assim como toda arte tem seus movimentos básicos que precisam ser aprendidos por quem deseja dominá-la.

história (e, eventualmente, aqueles que não devem estar contidos). Quando escrevemos já costumamos incorporar esses elementos necessários e excluir os desnecessários. Aprender sobre estrutura apenas faz com que tenhamos consciência do processo e aprendamos a editar adequadamente nossos livros.

Pense em você como leitora. Sabe aquela história que tem cenas desnecessárias e você pensa: por que a autora colocou isso aqui? Não precisava disso. Ou aquela história que parece ter acabado lá pelos 70% e o restante foi apenas enrolação. Tem também aquela história que chega em 90% e nada aconteceu, e, de repente, tudo se resolve em umas 10 ou 15 páginas – e ficamos com a sensação de termos sido enganadas pela maior parte do livro.

Essas são falhas de estrutura. Elementos que estavam fora de ordem ou que foram inseridos sem justificativa na trama. O conhecimento da estrutura nos permite identificar essas falhas e corrigi-las, seja acrescentando o que faltou, retirando o que sobrou ou reorganizando o que está fora do lugar.

A estrutura é excitante, confortável e liberadora, tudo ao mesmo tempo.

K M WEILAND (TRADUÇÃO LIVRE)

Se você está pronta para mergulhar nos estudos sobre estrutura, vou recomendar aqui alguns livros que utilizo (alguns são referência absoluta que consulto sempre que posso).

Há também bons sites e blogs que auxiliam autores no processo de construir melhores histórias, não apenas em se tratando da estrutura em si:

Mas Tatiana, todo esse material está em inglês. Sim, lamento dizer que eles não possuem tradução para o Português. Deixarei uma indicação de livro em Português que gostei muito de ler e que ajuda bastante a criar livros melhores: Escrever Ficção, de Assis Brasil.

Por hoje vamos ficando aqui. Espero que tenham gostado da postagem sobre estrutura, porque em breve falarei mais sobre isso!

Sobre Tatiana Mareto

Autora de romances sensuais com finais felizes.
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