Alimentação vitoriana

Quem aqui gosta de comer bem? 

Eu adoro comer, mesmo que faça sempre com moderação. Adoro conhecer pratos diferentes e tradições alimentares diferentes e, sempre que estou descrevendo refeições nos meus livros, busco me informar adequadamente sobre a tradição daquele país ou região. 

Quando comecei com os romances de época, o desafio de entender a alimentação da Inglaterra do Século XIX foi grande. Nas pesquisas atuais, precisava descrever um café da manhã e pensei: o que exatamente eles comiam? 

Deparei-me com um artigo da BBC que compilou a investigação de Michael Mosley sobre o desjejum dos vitorianos, mas muitas das informações ali tratavam da alimentação de pessoas mais pobres. Esse grupo de cidadãos – que vivia nas favelas, bairros muito pobres, quase não possuíam utensílios domésticos como pratos, garfos e facas. Na maioria das vezes viviam de pão, mingau e caldo, que era feito da fervura de ossos. 

Em comparação, pessoas de classes mais elevadas, mesmo que não fossem nobres, tinham uma alimentação mais equilibrada e mais saudável do que a nossa, pois era mais natural, com menos açúcar e livre de processamento industrial. 

Era comum um café da manhã com pão integral (grãos menos processados) e eles também consumiam bastantes vegetais frescos que podiam ser adquiridos facilmente nos mercados. Além disso, incluíam as oleoginosas como castanhas e nozes. Carne era caro, então os vitorianos consumiam muito peixe, ricos em ômega-3 – os mais comuns eram bacalhau e hadoque. 

No início do Século XIX as pessoas comuns consumiam carnes frias, queijo e até cerveja no café da manhã. Com o tempo, essa refeição (que não era barata) foi substituída por mingaus variados, ovos, peixe e bacon. O final do século representou a chegada de refeições menos saudáveis como os cereais processados (vocês conhecem a marca Kellogg’s!) 

Pela internet é muito fácil encontrar receitas e imagens de um tradicional café da manhã inglês (o “full English”), que era muito comum na metade do Século XIX. Ele consistia em pão, linguiça (incluindo o chouriço), bacon, ovos (que podiam ser fritos ou pochê), tomates e peixe (eventualmente), além de feijões cozidos.

Devemos lembrar, no entanto, que esse tipo de alimentação saudável e farta era exclusividade de pessoas com rendas de média a altas e da aristocracia. Uma frase que me chamou muita atenção no texto Breakfast, agony & hunger do My Story Fix foi

A fome era um estilo de vida

My Story Fix

As crianças eram desnutridas e não se desenvolviam adequadamente – estudos mostravam que jovens de classes elevadas e da aristocracia eram em média 3 polegadas maiores do que os jovens pobres. 

Como as minhas histórias retratam personagens de classes altas, todo mundo come bem e gosta de comer. As mulheres, no entanto, eram ensinadas (treinadas!) a controlar seus apetites e, portanto, precisavam sempre comer moderadamente. Não que eu esteja muito interessada em seguir essa regra…

Foto de Haley Truong na Unsplash

Tatiana Mareto

Autora de romances sensuais com finais felizes.

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