Quem, como eu, já devorou diversos romances de época, provavelmente já se deparou com a palavra “ton” sendo usada pelas autoras mais consagradas. Esse post vai contar rapidinho para vocês o que era e quem fazia parte da famosa “ton” londrina.
“Ton” é abreviatura de le bon ton, expressão francesa que significava “as boas maneiras” ou “etiqueta”. Essas boas maneiras eram associadas às pessoas do beau monde londrino, ou seja, as pessoas de melhor classe cujo estilo era o ideal, modelo a ser seguido.
A expressão era comumente usada para representar a alta sociedade londrina a partir do período final da regência. A ton ditava regras de moda, estilo, bons modos e todos os aspectos relevantes da vida social. Havia uma liderança da tom que era geralmente atribuída à Lady patronesse do Almack’s.
Não era toda a aristocracia que podia ser denominada “the ton”, mas apenas aqueles das melhores famílias, os de melhor gosto e refinamento. Se colocarmos em termos de hoje, seriam os jovens mais populares da escola ou as influencers que ditam as regras da moda e do que é relevante culturalmente.
A ton criticava e excluía quem não se comportava de acordo com as regras sociais e elevava quem pertencia ao seu círculo. A aceitação social era imprescindível e vinha quase sempre definida pelo nascimento em primeiro lugar. Se a pessoa nasceu nas melhores famílias, já fazia parte da ton.
Claro que os membros privilegiados da ton tinham uma vida de indulgência e muita extravagância. Havia também flexibilidade de regras para alguns membros, de acordo com o gênero, o status e a família à qual pertencia.
A aristocracia da ton atendia à temporada, ou seja, participavam dos eventos sociais mais importantes que tinham parte durante o período de sessões do Parlamento – o que muito se assemelhava à uma lista de celebridades VIP. Para pertencer aos VIPs a pessoa tinha que ter as conexões familiares certas, ser rico, possuir terras e não trabalhar (a nobreza inglesa repudiava o trabalho). Mulheres apresentadas à corte eram VIP classe A. Mulheres não apresentadas à corte, porém que cumpriam os outros requisitos para ser da ton, eram VIP classe B e assim por diante.
A relevância da ton pode ter perdido significância no período vitoriano, quando a aristocracia baseada na transmissão de títulos e propriedades (landed aristocracy) foi perdendo seu poder para outras classes – mais propriamente uma nova elite gerada pela riqueza adquirida pelos negócios e não pela herança. Como muitos dos romances de época que lemos se passam ainda no período regencial, é comum ler bastante sobre a ton e a importância que a aceitação pelos “iguais” representava na vida das jovens damas.
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