Heróis, vilões e anti-heróis – escolha o seu preferido

Minhas leitoras geralmente chegam até mim apaixonadas por mocinhos sombrios, de passado duvidoso e cabelos escuros. Eles são provavelmente os preferidos de todo o universo dos romances. Porque esses personagens geralmente têm características um pouco malvadinhas, a discussão sobre heróis, anti-heróis e vilões está sempre em pauta.

Afinal, por que amamos anti-heróis? O que eles são de tão bom para nos fazerem preferir personagens cheios de defeitos (alguns até bem difíceis de digerir, convenhamos)?

Depois de um debate muito divertido ontem, em live pelo projeto Verão de Época, decidi trazer aqui as definições e explicações sobre o tema.

O herói

Herói, para a literatura, é o protagonista de uma história. Ele é o personagem principal, aquele cuja jornada será contada, o que possui o arco principal e sobre quem estão todos os holofotes.

Segundo o Masterclass, há seis tipos de heróis comumente encontrados nas histórias que amamos:

  1. O herói quotidiano, gente como a gente, que não tem nenhuma característica fantástica ou admirável, mas que é colocado em situações que o impulsionam a agir de forma heróica.
  2. O herói clássico, que geralmente tem talentos e habilidades extraordinários que o tornam especial em relação às outras pessoas.
  3. O herói épico, com habilidades sobrenaturais que os colocam na categoria de super humanos.
  4. O herói trágico, que possui uma grande falha de caráter ou julgamento que o leva à queda (geralmente é um protagonista de arco negativo e que Shakespeare adorava).
  5. O herói Byroniano (que é um arquétipo forjado por Lord Byron), que é taciturno e sombrio, mas cheio de vida por dentro, comumente com fortes valores morais e paixões.
  6. E, por fim, o anti-herói, que não possui as características tradicionais dos heróis, ao contrário: anti-heróis são mais próximos dos vilões em características do que dos heróis. Vamos falar mais deles?

O anti-herói

Ele também é um protagonista e pode ter um arco positivo ou negativo, mas não possui características muito heróicas. Muitas vezes são egoístas, orgulhosos, desonestos, imorais ou amorais e não costumam seguir as regras sociais da época. Anti-herois seguem o caminho ˜certo˜, mas não necessariamente pelos meios esperados.

É um protagonista a quem faltam as qualidades retratadas em heróis tradicionais, como moralidade e coragem, e comumente personificam comportamentos esperados em vilões. (Jerry Jenkins)

A definição de anti-herói é alguém que não possui as virtudes e os traços de um herói tradicional, como coragem e confiança. Eles podem ser moralmente ambíguos em seus pensamentos e ações. (JerichoWriters)

O anti-herói, então, se diferenciaria de um vilão por dois motivos:

O primeiro, por sua posição na história. O vilão é geralmente o antagonista, ou seja, aquele que possui qualidades nada heróicas e que tem como objetivo atrapalhar a jornada do protagonista. Uma boa dinâmica entre protagonistas e antagonistas costuma produzir melhores personagens e história, já que é preciso motivação para seu vilão ser… um vilão, afinal!

Podemos dizer que o anti-herói está na posição de protagonista e o vilão, de antagonista. Isso os difere.

O segundo motivo é o “fazer a coisa certa”. Apesar das falhas de caráter do anti-herói, ele acaba por fazer o bem, aquilo que é esperado dos heróis, inclusive com um enorme sacrifício. O vilão, por mais motivação e pano de fundo que tiver, ainda pretende fazer “a coisa errada”.

É muito comum confunirmos o anti-herói com o vilão porque eles se parecem na essência: ambos possuem falhas morais e características vilanescas, aquelas que atribuímos às pessoas más. Porém, em se tratando de estrutura literária, o anti-herói vem como protagonista e o vilão, como antagonista.

E por que amamos os anti-heróis, se eles são tão malvados?

A ascensão do dark romance prova que sim, nós leitoras amamos um mocinho moralmente duvidoso ou até mesmo amoral, que comete crimes e não se importa em destruir o mundo se for para salvar a mocinha. Certo?

Os anti-heróis são amados porque são humanos. Essa é a melhor explicação. A construção de um anti-herói o aproxima das nossas próprias falhas, faz com que compreendamos seus motivos e nos coloquemos em seu lugar. Bons anti-heróis são as personificações daquilo que nós também somos (e por vezes lutamos para não ser) e do que temos ao nosso redor. A humanização do personagem nos conecta com ele e é por isso que terminamos suspirando pelos malvados.

Anti-heróis estão longe da perfeição, um traço que os torna muito reais e humanos. Todos podemos nos identificar com anti-heróis porque nossas vidas também são permeadas com incertezas e imperfeições. (Helping Writers Become Authors)

Contem para mim se vocês preferem os heróis ou os anti-heróis nos livros de romance!

Foto de Yulia Matvienko na Unsplash

Tatiana Mareto

Autora de romances sensuais com finais felizes.

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