Olá, leitoras.
Eu estava disposta a fazer esse post no instagram, porém tinha mais palavras censuradas do que palavras não censuradas nas imagens. Afinal, Los Cobras é uma história que se passa em um contexto de crime organizado e do ponto de vista dos bandidos, não é mesmo?
O post veio para o blog e aqui eu posso falar mais livremente de algumas pesquisas que fiz para minha trilogia contemporânea.
Uma vez estabelecido que meus personagens principais seriam membros de um cartel do narcotráfico, eu precisava garantir que cartéis e máfia eram coisas diferentes – e entender que diferenças eles tinham.
Fiz algumas buscas pelo google sobre a estrutura dos cartéis mexicanos para entender como eles funcionavam, e fiquei quase chocada com o que descobri: são organizações complexas, com muitas hierarquias e cargos importantes, e que funcionam quase como multinacionais do crime.
Sabem a ideia de que existe um chefe, um comandante da p*rr@ toda que dá as ordens e é obedecido por todos? Pois não é bem assim que as coisa funcionam para os cartéis. Faz sentido. A palavra cartel refere-se a um
acordo comercial entre empresas, visando à distribuição entre elas das cotas de produção e do mercado com a finalidade de determinar os preços e limitar a concorrência.
Se os cartéis de drogas fossem estruturas homogêneas e simples, não seriam chamados assim.
Em 2017, o site da BBC elaborou uma matéria bem completa sobre a estrutura desses cartéis e levantou que eles costumam se manter sobre três pilares:
Um responsável por comprar, produzir, armazenar e cuidar dos bens, que podem ser maconha, cocaína e drogas sintéticas.
Outro incumbido pelas relações jurídicas e políticas – esta divisão dedica-se à defesa dos membros do cartel em tribunais e também se encarrega de comprar a cooperação de policiais e autoridades locais, na maioria dos casos.
O terceiro pilar é financeiro, responsável por reinvestir lucros e lavar dinheiro, além de fazer o pagamento de funcionários.
Alguns cartéis mexicanos famosos são os Los Zetas, de Tamaulipas, que opera em aliança com o Cartel de Juarez, de Juarez. O mais experiente e perigoso é o Cartel de Sinaloa, de Sinaloa, cujo chefe, Joaquin Guzmán (El Chapo) está preso desde 2016.
Em janeiro desse ano, seu filho Ovidio Guzmán foi preso e o cartel desencadeou uma série de ataques por Sinaloa em retaliação. Mais de 29 pessoas morreram nos confrontos. El Ratón, como é conhecido Ovidio, está para ser extraditado para os Estados Unidos, porém essa operação foi suspensa por ordem da justiça mexicana.
O chefe de Sinaloa tem pelo menos 4 filhos procurados pela polícia. Apenas El Ratón foi preso esse ano.
Outros cartéis mexicanos são o Jalisco Nova Geração e o Cartel do Golfo. Todos operam em áreas distintas, mas são rivais entre si (com exceção de Los Zetas e Juarez que estão aliados).
Apesar de não me surpreender muito durante essas pesquisas, eu precisei tomar duas decisões: Usar ou não usar um dos cartéis existentes para contextualizar meu livro? E respeitar ou não a estrutura heterogênea e multinacionalizada dos cartéis?
Disse não para ambas. Preferi criar cartéis que disputassem território entre si, assim eu escreveria uma história 100% ficcional e não correria riscos de coincidências indesejadas. Quanto à estrutura, preferi ficar no simples. Afinal, os livros de Los Cobras contam histórias de romances com foco nos casais, por isso eu não poderia complicar demais em relação à estrutura dos cartéis.
Gostou de conhecer um pouco das pesquisas sobre cartéis? Vou deixar alguns links interessantes para quem quiser ler mais:
Foto de Daniel Norin na Unsplash