Olá, colegas escritoras e aspirantes.
Nas dicas de escrita de hoje, fui novamente passear pelo The Write Practice e encontrei um artigo muito interessante sobre estilo – e como melhorar nossos textos para que ele tenha mais força e conquiste leitores logo de cara.
A primeira coisa que eu quero dizer aqui é que sempre podemos escrever melhor. Sempre. Por mais que escrita seja arte e arte seja talento, toda arte possui técnica e todo talento pode ser aprimorado com treino e estudo, portanto nossa escrita sempre pode evoluir. Por vezes escrevemos um parágrafo que parece bom, que nos satisfaz imediatamente, mas que, depois de algumas releituras, não se mostra tão forte assim ou suscita algumas dúvidas e esse não era o nosso objetivo.
O que podemos fazer para melhorar? Estudar bastante e revisar bastante nosso próprio texto é um começo. Não estou falando de revisões profissionais, mas de revisões nossas, do próprio autor, que permitem que possamos criticar nosso próprio texto e modificá-lo para que ele adote estruturas melhores.
As dicas do The Write Practice servem para esse propósito – nos ajudar com edição e adoção de estilos de escrita que permitam parágrafos bombásticos. Vamos conhecê-las?
Dica 1 – Varie a estrutura da frase para evitar monotonia.
Para alguns escritores iniciantes, o simples pode ser satisfatório e, apesar de correto, gera uma sequência inacabável de sujeito-verbo-predicado / sujeito-verbo-predicado que pode causar prejuízo ao próprio estilo do autor. A sugestão é variar sempre que possível, utilizando uma mistura de estruturas simples e complexas, curtas e longas.
Dica 2 – Usar descrições mais vívidas que foquem em emoções e sensações.
A dica é uma manifestação do consagrado “show, don’t tell”. Textos devem despertar emoções e sentimentos nos leitores, devem permitir que esses leitores compreendam também os sentimentos e as emoções dos personagens. Dizer que “ela bebeu uma dose de tequila e não gostou” é correto, mas dizer “ela virou uma dose e a tequila desceu queimando sua garganta, fazendo-a se arrepender de provar uma bebida tão forte” passa a mesma mensagem e apresenta as sensações da personagem.
Apesar de preciosa, essa dica precisa ser encarada com cuidado – não é por isso que o escritor deve entupir o livro de descrições desnecessárias que só servem para “encher linguiça”. Dar vida ao texto é permitir que o leitor se envolva emocionalmente com o que está sendo escrito e excessos sempre vai mais afastar do que atrair. Um leitor que se depare com páginas e mais páginas de meras descrições vai se entediar, portanto é necessário entender quando as descrições são necessárias e quando são preciosismo literário ou falta de técnica.
Dica 3 – Inclua perspectiva para personalizar a cena.
Aqui a dica sugere que o autor adira à terceira pessoa limitada para que suas cenas possam fluir de acordo com determinado personagem. Antes de me aprofundar na sugestão, gostaria de falar um pouco sobre as pessoas em uma narração.
É muito comum encontrarmos romances contemporâneos escritos em primeira pessoa. Essa foi uma tática utilizada para permitir ao leitor que se aprofunde nos sentimentos e na perspectiva do personagem. Porém, não é preciso que usemos a primeira pessoa para conseguir esse mesmo efeito – a terceira pessoa também permite essa imersão.
A terceira pessoa possui a variação ilimitada, que é a do narrador onisciente que conta a história como um observador não participante. Como ele não faz parte da trama, sua narrativa é o mais impessoal possível. Se utilizarmos essa variação em nossos livros, certamente as cenas não receberão a perspectiva de nenhum personagem, porém temos a opção de manter a terceira pessoa na modalidade limitada.
Essa variação, a limitada, é muito comum nos romances de época e em diversos livros de fantasia young adult, como as escritas por Cassandra Clare. Apesar da escrita permanecer na terceira pessoa, o narrador adota o ponto de vista de um personagem específico envolvido na trama (ele não é mais onisciente). Assim podemos adentrar na perspectiva desse personagem e “enxergar” a trama pelos seus olhos.
Então, para adicionar perspectiva não precisamos apenas usar a primeira pessoa, essa não é a única estratégia possível. Para quem prefere a terceira pessoa, recomendo o uso da limitada.
Essas foram as dicas de hoje, vejo vocês no próximo post!
Foto de Aaron Burden na Unsplash