Bom dia, colegas da escrita.
De vez em quando eu vejo a palavra “plot” – assim mesmo, sem tradução – espalhada pelas redes sociais, tanto por leitoras quanto por escritoras, e sempre tenho vontade de falar sobre ela. Isso porque nem sempre a palavra é usada no sentido adequado de seu conceito.
Afinal, o que é o plot em uma história?
O The Write Practice define assim:
Plot é a sequência de eventos em uma história, em que o protagonista é colocado em situações de conflito que o forçam a tomar decisões cada vez mais difíceis, guiando a história até o evento climático e a resolução.
Para o site Master Class:
O plot de um livro, filme ou peça é a série de eventos que se desenvolvem do início ao fim. O plot explica não apenas o que acontece, mas também a causalidade – como um evento leva a outro.
K. M. Weiland chegou a estabelecer o que plot não é:
Plot não é uma linha de eventos aleatórios.
Plot diz muito sobre estruturação da história, não sobre a parte criativa ou mística da escritora. Quando pensamos em plot (ou em “plotar”), estamos pensando em como estruturar, montar nossa história para que ela tenha uma cadeia de eventos lógica e que conduza ao final (in)esperado.
Inesperado? Sim, afinal, podemos ter um belo plot twist que deixe nossa leitora de cabelos em pé no final (e até ele precisa ser muito bem planejado e executado).
O The Write Practice explica mais uma vez sobre como o plot é uma sequência planejada de eventos que tem o elemento causalidade como principal:
Plot tem uma estrutura específica. Ele segue um formato que envolve os leitores: introduz personagens, o desenvolvimento desses personagens, e a construção do mundo; além de compelir leitoras a continuar lendo para satisfazer seus conflitos e responder perguntas.
Esse tal plot, essa estrutura planejada pela qual a história se desenvolve, tem alguns elementos essenciais, elencados tanto pelo Author Learning Center quanto pelo The Write Practice:
- Exposição (introdução)
- Inciting Incident
- Ação crescente ou Complicações progressivas
- Dilema
- Clímax
- Resolução (fim)
K. M. Weiland ensina a estruturar o plot pela técnica dos três atos, que também contém todos os elementos acima, porém desencadeados com mais detalhes:
- Gancho
- Inciting Event
- Primeiro ponto do plot
(encerramento do primeiro ato)
- Reação
- Primeiro Pinch Point
- Compreensão
- Midpoint (meio da história)
- Ação
- Segundo Pinch Point
- Impulso renovado
(encerramento do segundo ato)
- Terceiro ponto do plot
- Recuperação
- Clímax
- Resolução
A estrutura trabalhada por Weiland é uma das minhas preferidas e a que uso para praticamente todos os meus livros. Ou seja, eu elaboro o meu plot usando essa forma de estruturação, porém existem outras muito populares, como a Jornada do Herói.
O que podemos compreender é que plot não é um dilema nem um trauma, também não é um evento específico que aconteceu com o personagem. As leitoras não vão se deparar “com o plot” no início do livro porque isso seria impossível tecnicamente. Plot é desenvolvimento e ele diz respeito a nós, autoras. Leitoras não costumam perceber o plot – elas percebem os eventos e a forma como eles se desenvolvem.
Falhas no plot (estrutura) geram histórias com problemas. Mesmo que tenhamos personagens cativantes e bem construídos, a falta de plot (ou um plot fraco, mal estruturado) fará com que sua história perca força e deixe de cativar leitoras.
Se você lê em inglês ou quer arriscar o google tradutor, recomendo alguns textos da Weiland, minha favorita para estudar estrutura:
- The Secrets of Story Structure (complete series)
- Scared of plot? How one author embraced story structure without sacrificing creativity
- Plot isn’t story
- How to pull off a plot twist
Por hoje é só e espero que tenham gostado dessa pequena contribuição!
Foto de Glenn Carstens-Peters na Unsplash